O “Arquivo RGSL”

Tenho no meu escritório de trabalho três compartimentos integrados:

 

“ Biblioteca RGSL”: 

Em quatro estantes metálicas (2,30 x 0,90 x 0,30 com seis prateleiras cada) estão reunidos 1.516 títulos entre livros, revistas, vídeos, fitas gravadas, apostilas, jornais e afins, classificados em 20 assuntos com ênfase em história do Brasil e genealogia e, de forma especial, em temas ligados à história do café e de sua gente (Posição em 01.07.2023).

Um nicho representativo é o que trata das fazendas no qual se destacam, naturalmente, aquelas vinculadas ao café.

Esta biblioteca nasceu e cresce a cada dia acompanhando o andamento dos trabalhos e é parte integrante e de suporte ao “Arquivo RGSL”.

 
Biblioteca RGSL (vista parcial)

 “Museu do Café e da Família”

São três estantes (tipo e dimensões citadas) onde estão reunidas peças diversas recolhidas nas pesquisas, principalmente pelo Vale do Paraíba, como: partes e enfeites de capelas arruinadas ou desmontadas; fragmentos de taipa e de telhas das construções; pedaços de decoração de tetos em gesso e de paredes com pinturas parietais; fragmentos de papéis de parede; peças menores diversificadas todas, entretanto, com simbolismo e presença na arquitetura e na história do Vale.

Ao lado delas, objetos remanescentes da minha família e de famílias ligadas, sendo a maior parte das peças vinculadas à história do café ou dela contemporâneas.

O acervo que incluí mapas, quadros, pinturas e retratos nas paredes, inclusive dos trisavós Manoel Antonio Rodrigues Guião e Iria Umbelina Vieira Guião, cafeicultores em Valença, é representativo dos nichos geográfico e temporal nos quais desenvolvo minhas pesquisas.

 

Museu do Café e da Família (vista parcial)

“Arquivo RGSL”

Em cinco estantes (tipo e dimensões citadas) estão 300 VOLUMES — a maioria absoluta em pastas pretas, de capa dura, com dois furos, tamanho A4 e com lombadas de 7,5 cm, algumas com 4,5 cm — onde estão organizados, por estados da federação e cidades: comentários e relatos de viagem; depoimentos; entrevistas; textos históricos próprios e/ou de terceiros; cópias de documentação primária; desenhos e informações genealógicas; mapas; plantas; desenhos arquitetônicos de casas, instalações e de seus detalhes; fotos; gravuras; cópias de partes de livros e/ou de revistas formando um diversificado conjunto de informações e imagens sobre os bens históricos e artísticos, particularmente as fazendas, seus proprietários e as respectivas cidades nos seus mais diversificados aspectos tenham sido, ambas, visitadas ou não.

 

Arquivo RGSL (vista parcial)



Meu nicho básico de pesquisas cujo produto encontra-se neste arquivo é:

A história do café, da sua gente, das cidades, vilas e povoados envolvidos, das propriedades urbanas, incluindo históricos cemitérios, municipais ou particulares, e das respectivas fazendas, seja no pioneiro período cafeeiro oitocentista em todo o Vale do Paraíba do Sul (RJ, SP e MG) seja na vertente “oeste paulistana” — considerando “oeste” em sentido geográfico ampliado — abrangendo, em ambos os casos sob o aspecto temporal, mas sem rigidez, até as primeiras cinco/seis décadas do século XX.


Vale a pena assinalar que ao lado das fazendas de café têm sido crescente a inclusão de antigas fazendas de outras culturas, produção e/ou finalidades em função de interessantes estudos realizados por arquitetos e historiadores o que, além de dar maior abrangência e diversificação ao arquivo, contribui para reforçar o especial tema fazendas nele contemplado.  


Embora os VOLUMES cubram quase todos os estados do Brasil e registrem informações e imagens sobre períodos históricos (ciclos econômicos) relevantes como, entre outros, o da cana-de-açúcar, no nordeste, e, ainda, nos litorais de São Paulo, do Rio de Janeiro e na planície Campista e o do ouro, em Minas Gerais e em Goiás, a massa maior de informações e imagens se concentra nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais em função do nicho básico de pesquisa e, ainda, de forma prevalente, no primeiro, pela proximidade do meu local de moradia. 

Trisavó Iria Umbelina Vieira Guião - Fotografia do Século XIX - Original Restaurado - Acervo da Família - Fiel Depositário Roberto Guião de Souza Lima.
Trisavô comendador Manoel Antonio Rodrigues Guião - Óleo sobre tela do século XIX - Original Restaurado - Acervo da Família - Fiel Depositário Roberto Guião de Souza Lima.
Fazenda São Manoel do Cambota - Valença, RJ (Pioneira Rodrigues Guião)
Fazenda Santa Rosa - Valença, RJ - (Principal Rodrigues Guião)
Fazenda Santa Rosa - Valença, RJ - (Principal Rodrigues Guião)
Fazenda Ribeirão Alegre, provável casa-sede original. Valença, RJ (a seta indica o local da casa-sede definitiva, oitocentista, demolida - Diniz da Costa Guimarães - Barão de Santa Isabel)
Fazenda do Bom Retiro - Valença, RJ (Souza Lima)

A organização do arquivo

O “Arquivo RGSL” está organizado por estados da Federação, municípios (cidades), (bairros, se for o caso), distritos (vilas), povoados e fazendas e possui características específicas:

  • As informações sobre os bens incluídos, visitados ou não, não são uniformes podendo variar de (i) um pequeno texto e/ou única imagem até (ii) grandes conjuntos de dados e iconografia gerando trabalhos aprofundados. Em relação aos bens visitados, a maior ou menor cobertura esta vinculada à oportunidade para realização da pesquisa e a animosidade e interesse do proprietário e, no caso dos não visitados, da contribuição recebida de terceiros.
     
  • Em ambos os casos, a inclusão privilegia a filosofia de “Abre Portas” que, além de permitir que futuros complementos à história do bem possam ser inseridos, impede, muitas vezes, que suas memórias se percam “nas brumas do tempo”
 
  • Assim o arquivo busca ser o mais exaustivo possível na quantidade de patrimônios registrados mesmo que, como citado, os dados possam ser mínimos.
 
  • As informações e imagens são incluídas nos VOLUMES de forma artesanal, com muitos textos manuscritos, desenhos à mão livre, pequenos lembretes e alertas dispersos, embora se busque, sempre que possível alguma padronização nas suas formatações.
 
  • Não seleciona, descarta ou discrimina fontes não só em respeito a elas como pelo fato de que eventuais equívocos, incoerências e/ou inconsistências podem ser oportunidades para esclarecimentos e/ou abertura de trilhas de pesquisa. Todavia, na revisão ora em curso dos VOLUMES, estão sendo feitas, da forma mais completa possível, as correções.
 
  • Ao serem feitas as inclusões sempre se busca, como prática usual, o cruzamento, a ligação e a amarração das informações históricas e/ou genealógicas, no tempo e no espaço, entre os bens dos vários VOLUMES do conjunto.

  • Embora a quantidade de “pesquisas de campo” realizadas pelo autor venha decrescendo ao longo do tempo cedendo espaço à realização de outras atividades embora dentro do tema, este tipo de arquivo não tem prazo para conclusão e está permanentemente aberto à inclusão de trabalhos próprios e a contribuições de terceiros de todos os tipos e origens, dentro do nicho básico de pesquisa e/ou afins.   
 
 
 

Como muito bem registrou a historiadora Monica Almeida Kornis:

“A organização de arquivos pode não acabar nunca: Constantemente se enriquece com o trabalho de pesquisa histórica feita pelos próprios usuários e a incorporação das suas descobertas”

A densidade do arquivo

Os 300 VOLUMES do “Arquivo RGSL” abrigam cerca de 68.100 folhas e 37.100 imagens (fotos/postais/gravuras), distribuídas entre 579 cidades das quais 216 foram visitadas. Registra informações sobre 1.551 fazendas, sendo 516 visitadas (pesquisas de campo) e 1.035 não visitadas. 85% dos dados de conteúdo (folhas e imagens) estão vinculados ao nicho principal do arquivo que é a histórica do café e de sua gente. Em relação às fazendas visitadas, a vinculação com ele sobe para 92,4%. (Posição em 01.07.2023)

A organização do arquivo de negativos (fotos) e de CDs/DVDs (fotos e textos) permite fácil recuperação para eventual reprodução.

Registro as imagens como ponto de destaque no “Arquivo RGSL”, em especial aquelas que contemplam inúmeros bens que não existem mais. Seja assim ou não, nunca é demais relembrar que “uma foto vale por mil palavras”

O arquivo possuía duas ferramentas manuais para geri-lo que se mostravam ultrapassadas em função do seu crescimento. Assim, foram desenvolvidos, entre 2009 e 2010, dois sistemas informatizados para cumprir esta tarefa:

Sistema “Índice de Fazendas” 

Registra, individualmente, através de “fichas” virtuais, todas as fazendas constantes do arquivo e as suas principais características como, por exemplo, se foram visitadas, localizações, origens, níveis de informação que se dispõe delas no momento etc. Através de relatórios, são obtidas quantificações, qualificações e informações diversas sobre todas elas que podem, inclusive, serem impressos. O sistema possui cadastros que validam e facilitam o “input” dos dados (inclusões, modificações, e exclusões) e manuais que detalham todas as suas características: operacionais, históricas e os critérios adotados na sua formulação e na sua “ficha” básica. Com o sistema é muito fácil localizar o dossiê da fazenda fisicamente no arquivo, a inclusão de novos materiais, movimentações etc.

Sistema “Estatística – conteúdo e valor”

Registra, individualmente, através de “fichas” virtuais, todas as cidades constantes do arquivo com suas características como, por exemplo, se foram visitadas, localizações, níveis de informação etc. Quantifica os dados de conteúdo por cidades: folhas, fotos, folders, mapas etc permitindo levantamento dos custos envolvidos com a criação e a manutenção do arquivo em relação aos materiais utilizados. Controla, por cidade, os volumes do arquivo referenciados e, como é vinculado ao Sistema “Índice de Fazendas”, registra para cada uma das cidades as respectivas fazendas, visitadas ou não. Facilita inclusões, exclusões e modificações e dispõe de vários relatórios e manuais que podem ser impressos. Através da ficha da cidade se acessa fisicamente o seu dossiê no arquivo e são praticadas todas as movimentações pertinentes.

Agradecimentos.

Agradeço as contribuições que recebi de ilustres e competentes historiadores e genealogistas e que, incorporadas ao “Arquivo RGSL” ao longo dos seus 43 anos de vida, sem nenhuma dúvida muito o enriqueceram.

Vou eleger como representante dos que assim perfilam o meu saudoso primo e amigo, falecido no primeiro dia de março de 2014, Arthur Mario Belisário Vianna, cujo rico e abrangente arquivo, por sugestão do amigo comum, Fernando Tasso Fragoso Pires, me foi doado pela viúva, Regina Ballalai Saback Vianna, em maio de 2014.  Em agosto de 2019 a filha, Mirian Vianna, em seu nome e dos irmãos, com o falecimento de Regina, em 22.05.2019, me doou um complemento posteriormente encontrado. O conteúdo do que chamo “Arquivo AMBV” que, pelo volume e diversidade, levou mais de três anos para ser incorporado, contribuiu de forma expressiva para que o “Arquivo RGSL” seja reconhecido, por especialista no tema, como importante repositório de informações e imagens, sobretudo sobre a história do café e de sua gente.

Agradeço muito à minha saudosa e querida mulher, Carmen Luiza Pereira de Matos, que nos deixou em 16 de março de 2022, toda a ajuda que me prestou nas pesquisas de campo (fazendo croquis das plantas das casas, redigindo textos, entrevistando pessoas, revisando meus textos, inclusive dos livros, etc) e, também, pela companhia agradável e alegre que dava cor e brilho às visitas que realizávamos.

Agradeço ainda ao meu querido amigo e confrade do Colégio Brasileiro de Genealogia – CBG, Nelson Vieira Pamplona, pelas sucessivas recomendações — enriquecidas com sugestões de como a tarefa poderia ser realizada — para que eu digitalizasse o meu arquivo e divulgasse o seu conteúdo pela internet. Embora sempre tenha visto com bons olhos as insistentes recomendações do Pamplona, como ele é conhecido no meio cultural, pelo envolvimento em outros projetos e atividades, embora do ramo, ela sempre foi deixada para trás até que tomou corpo, a partir de maio/junho de 2023, com o desenho do site que passou a abrigar o conteúdo do “Arquivo RGSL”.

Fazenda Santa Bárbara - Valença, RJ - Demolida
Fazenda São Jerônimo - Valença, RJ - Demolida
Fazenda São Mathias - Valença, RJ - Demolida
Fazenda do Guaxe - Paty do Alferes, RJ - Demolida
Fazenda São João Batista - Rio das Flores, RJ - Demolida (Acervo Adriano Novaes)

Objetivos

Embora interligados, podem ser separados em dois:

Permitir a realização de pesquisas históricas e genealógicas do seu conteúdo (informações e imagens) e divulgá-las através de livros, revistas, palestras, eventos culturais e trabalhos diversos.

Resguardar fisicamente parte da história e das artes no Brasil em geral e, em especial, as que se relacionam diretamente com a história do café — com ênfase nos imóveis rurais e urbanos e na observação dos aspectos: culturais, arquitetônicos, operacionais e econômicos vinculados — e das pessoas/famílias por ele responsáveis e assim contribuir para que a memória histórica e cultural preservada possa ser resgatada e divulgada.

Dentro desse espírito e com vistas a tornar-se um instrumento útil à divulgação da história e da genealogia, o arquivo sempre esteve franqueado à pesquisa e ao conhecimento de qualquer interessado e, para tanto, bastava agendar a visita.

Meu objetivo com o site é facilitar as pesquisas disponibilizando os dados e as imagens para qualquer interessado em qualquer canto do Brasil e/ou do exterior e a qualquer tempo.

Não tenho nenhum interesse financeiro no uso do site como não tenho e nunca tive um centavo de ajuda e/ou contribuição ao longo dos 43 anos envolvidos com esta história. Não é difícil imaginar os custos incorridos no período, com viagens, estadias em hotéis e/ou pousadas, combustível, alimentação, material fotográfico, material de escritório, desenvolvimento de sistemas informatizados, compra de livros, revistas e afins e por aí a fora. Apenas como ilustração, só contando três itens de escritório: pastas, papéis e filmes/fotos (quando elas ainda eram “reveladas” e lindamente impressas), em valores históricos, o valor chega a R$60.000,00.

Tenho fundadas esperanças que o site vai contribuir, com pequena parcela que seja, para a preservação do nosso patrimônio histórico, tão mal cuidado pelas instituições públicas e/ou privadas que deles deveria cuidar, e para a divulgação e o conhecimento dos bens existentes e, lamentavelmente, daqueles que já se foram.

Tenho fundadas esperanças também que os proprietários dos bens apresentados formarão uma corrente não só de permissibilidade da exposição, como de compromisso com as suas conservações e, em sintonia com os objetivos do site e sem prejuízo das posses e/ou das propriedades deles, os vejam como partes do nosso patrimônio histórico e, por consequência, “propriedades” de todos os brasileiros.

Doação do “Arquivo RGSL”

Pretendo, futuramente, consultar instituições públicas e/ou privadas  que lidem com arquivos e/ou trabalhos do tipo do “Arquivo RGSL”, com vistas a identificar eventuais interesses delas em receber o arquivo em doação. 

Caso exista interesse, a meu critério pretendo firmar contrato jurídico de doação física (conteúdos, estantes e outros complementos) do “Arquivo RGSL, da “Biblioteca RGSL” e do “Museu do Café e da Família”, incluindo os sistemas informatizados que os controlam, reservando, eventualmente, apenas alguns bens e/ou itens para custódia da família. 

A instituição a quem for feita a doação receberá, também, o site na forma e no conteúdo em que ele se encontrar na época sendo acordado, juridicamente, que a revisão que iniciei em outubro de 2022 cujos dados (informações e imagens) foram  paulatinamente carregados no site, seja continuada e da mesma forma o carregamento.